Max Gunther, no livro “Os muito, muito ricos e como eles conseguiram chegar lá” (1ª. ed. Rio de Janeiro: Best Business, 2015), avalia: “de todos os sonhos de fortuna no mundo, fazer uma grande jogada no mercado de ações é sem dúvida o mais comum. Este desejo antigo, grandioso e intoxicante é comum em todas as nações capitalistas com um sistema de bolsa de valores privado.”
Parte magnetismo do mercado de ações encontra-se na atração quase irresistível de que você terá uma chance de 50% de vender algo por mais do que pagou. Parece fácil.
Existem milhares de outros tipos de empreendimentos capazes de oferecer a nós, pobres cidadãos oprimidos e crivados de impostos, mordidos pela inflação e com renda média, uma chance de ficarmos ricos. Qualquer proprietário de uma loja faz essencialmente o que um especulador de ações espera fazer – a regra de ouro do comércio: comprar barato e vender caro.
Alguns varejistas, como alguns especuladores de ações, ficam ricos. No entanto, o comércio varejista parece muito mais difícil e complicado do que o mercado de ações.
A corrida de cavalos parece ser mais fácil. Mas é um jogo de azar com chances mínimas!
“Ah, o mercado de ações é outra história. Como todos os corretores e executivos da bolsa constantemente nos asseguram, a negociação de ações é um investimento, não um jogo de azar. É isso que eles nos dizem, e é isso em que quase todo mundo parece acreditar. Além disso, trata-se pura e simplesmente do fato de colocar seu dinheiro no mercado — entrar no jogo — é fácil demais, muito mais fácil em lugar de abrir um comércio ou fazer uma aposta no hipódromo.
Tirar o dinheiro, ou pelo menos tirá-lo completamente, é outra questão. Mas o processo de começar, de se estabelecer no negócio da especulação de ações, não oferece dificuldade alguma. Um rápido telefonema para um corretor e você está dentro. Não há barreiras baseadas em raça, religião, origem nacional, idade, sexo, aparência física, educação, condição social ou inteligência. Qualquer um pode participar se tiver o dinheiro exigido.
A regra do jogo em si também parece fácil. Tudo a ser feito é comprar ações quando elas estão baratas e vendê-las quando estão valorizadas. Não é nem um pouco complicado. Não é necessária uma longa educação, apenas a capacidade de realizar uma simples aritmética. Não há textos didáticos a serem lidos. Não há provas a serem feitas. Nada a aprender além daquela única e simples regra: compre baixo, venda alto.
O fato triste e desconcertante é: poucas pessoas chegam a ganhar muito dinheiro no mercado de ações.
Existem basicamente três maneiras de se ficar rico no mercado de ações.
- Você pode jogá-lo— isto é, comprar e vender ações: este é a base do sonho comum da grande jogada de mercado.
- Ou você pode vendê-lo: em vez de negociar as ações em si, você pode ganhar dinheiro como corretor, consultor ou outro intermediário, vendendo ações e esquemas de ações.
- Ou, terceiro, você pode usar o mercado: criando empresas ou empresas fantasmas, conseguindo pessoas para comprarem ações nestas empresas e manipulando o fluxo de dinheiro resultante de maneira a parte dele terminar em seu bolso.
O terceiro método é o truque maravilhoso de ficar com o dinheiro dos outros. Enquanto isso, a primeira e a segunda abordagens são as abordagens do investidor de mercadoe do vendedor de mercado.
“Trata-se de uma verdade inegável que o dinheiro atrai dinheiro — ou pode ser feito para atraí-lo, dada uma administração sólida e um pouco de sorte. Mas ele não precisa ser o dinheiro da própria pessoa. Se você tiver somente um pouco de dinheiro seu, pode usar o de outras pessoas”.
A técnica de usar o dinheiro dos outros – alavancagem financeira – é tão comum e tem tanto bom conceito entre os muito ricos a ponto de ser exaltada com iniciais maiúsculas: Dinheiro dos Outros. A maioria dos homens ricaços usou o DDO em um algum momento de suas vidas. Muitos deles o usaram bem no início de suas carreiras para saírem da pobreza ou de uma condição de empregado modesta para se lançarem nos primeiros passos de uma longa e dura escalada.
Max Gunther, no livro “Os muito, muito ricos e como eles conseguiram chegar lá”, ilustra o valor do DDO com um exemplo simples e familiar. Caso você tenha 10 mil dólares para investir em imóveis, você encontra um terreno em algum lugar no limite de uma cidade em expansão, uma área onde os valores dos imóveis estão subindo por, digamos, 25% a cada dois anos. Aí você coloca o seu dinheiro para funcionar.
Você pode tomar a rota dos recursos próprios: você encontra um terreno à venda por 10 mil dólares, e investe todo o seu dinheiro nele. Dois anos depois, você o vende por US$ 12.500. Você ganhou 25% do seu capital inicial.
Foi um belo negócio, mas poderia ter sido muito melhor. Em vez de tomar a rota dos recursos próprios, você usa o DDO. Em vez de um terreno de 10 mil dólares, você encontra uma casa de 40 mil dólares. Você coloca os seus 10 mil de entrada na casa e toma emprestados os 30 mil restantes de um banco sob um contrato de hipoteca padrão.
Agora vamos ver onde você termina. Após dois anos, a casa teve uma valorização de 25%, como o terreno. Ela vale agora 50 mil dólares. Você a vende, paga o banco e sai do negócio com 20 mil dólares. Em vez de realizar meros 25%, você dobrou o seu dinheiro usando o DDO.
A ilustração é exageradamente simplificada, é claro. Ela omite considerações como juros, impostos e taxas de corretagem. Mas não importa como você irá dividi-la, a rota do DDO claramente leva você mais longe do que a rota do dinheiro em mãos.
A desvantagem da rota do DDO, é claro, é ela envolver um grau maior de risco. Se o mercado imobiliário local desvalorizar-se enquanto você estiver no meio da sua jogada, a rota do DDO deixa você sobrecarregado com o fardo da dívida. Ou você suporta esta dívida até que o mercado melhore ou vende seu investimento com um prejuízo.
Com a rota do dinheiro em mãos você escapa deste tipo de problema. Mas ficar rico sem correr riscos é virtualmente impossível.
Alavancagem Financeira: Técnica de Usar o Dinheiro dos Outros publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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