Aloisio Campelo Jr. e Claudio Considera do IBRE-FGV destacaram hoje (Valor, 26/03/19): ao final deste primeiro trimestre de 2019 completa-se o triste aniversário de cinco anos desde o início da recessão de 2014-16. Com o ciclo quinquenal da seca, iniciada no fim de 2012, impulsionando a inflação de alimentos, houve a retomada do crescimento da taxa de juros em abril de 2013 para atingir 14,25% aa em junho de 2015 e se manter neste patamar até outubro de 2016. Depois, vieram as “gloriosas” jornadas de junho de 2013. O resultado foi os golpistas saírem do armário e o locaute empresarial se iniciar. Na “armadilha do golpe” eles se enredaram e até hoje a economia brasileira não saiu do fundo poço onde caiu.
Passados dois anos (2017 e 2018) com crescimento de 1,1% aa, a economia brasileira havia recuperado, até o final do ano passado, apenas 42% do produto perdido desde o início da recessão no segundo trimestre de 2014.
Durante a depressão (2015-2016), o PIB caiu 8,1%. Nos oito trimestres (dois anos) com crescimento de 1,1% aa, cresceu apenas 3,4%. Com isso, a queda acumulada entre o primeiro trimestre de 2014 e o último de 2018 foi de 5%, o pior resultado de todas as recessões brasileiras desde 1980.
Apesar da dificuldade de se comparar ciclos históricos, do ponto de vista estrito do crescimento econômico, estes últimos cinco anos foram os mais difíceis de nossa história recente. A relação do golpe da direita com a economia foi um atraso histórico. O gráfico acima explicita isso: somente em 1992 o crescimento quinquenal havia se aproximando de números próximos a -5%, e ainda assim, por pouco tempo.
A essa longa crise conjuntural se somou uma crise estrutural de desindustrialização já com início de fuga da indústria automobilística do País através da Ford.
O PIB industrial das sete cidades componentes da região do ABCD paulista passou, em valores nominais, de R$ 28,9 bilhões em 2013 para R$ 24,3 bilhões em 2016, uma queda de 16%. Em termos reais, no entanto, descontado o efeito inflacionário, a retração foi de quase 39%, muito acima das quedas registradas no Brasil (11,5%) e no Estado de São Paulo (14,73%).
O ABC reflete a “crise de demanda efetiva”. Ela atingiu todo o país e uma perda generalizada da atividade industrial, acentuada desde 2014. A região continua a ser o segundo maior polo industrial do país, atrás da região metropolitana de São Paulo, e recebeu impacto mais forte da crise.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra: entre 2013 e 2017 houve uma perda de 6% no número de empregos formais no Brasil e de 6,4% no Estado de São Paulo. Mas o ABC registrou queda muito superior, de 12,5%. A taxa média de desemprego na região, segundo pesquisa do Seade, passou de 10,3% em 2012 para 17,7% em 2017, um dos maiores níveis de desocupação dos últimos 14 anos.
Economia brasileira aprofunda a recessão e neoliberais não se importam publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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