segunda-feira, 25 de março de 2019

Assessoramento Financeiro e a Teoria da Diversificação de Portfólio

As carteiras recomendadas por corretoras mudam em cada conjuntura, enquanto você deve manter investimentos em ações por longo prazo – e não em especulação em curto prazo. Não deixe esvair todo seu patrimônio por corretagem, impostos, custos de transações em dose dupla, na compra-e-venda frequente, simplesmente porque você vende e compra conforme as recomendações de “experts”. Os assessores financeiros cometem também inúmeros erros nas indicações de ações de empresas com maus fundamentos com base em análise técnica ou grafista. Acaba por fazer você comprar mais caro em relação ao preço de venda depois, quando a recomendação mudar.

Seguir esse bullshit é deixar à mercê de outros a responsabilidade de cuidar do seu dinheiro, dizem Giovanni Tieghi Pepi e Bastter, coautores do livro “O Click da Riqueza: Livre-se das ideias perdedoras de dinheiro”. A única carteira recomendada é aquela estudada por você, quando viu valor conforme seus próprios critérios, e tomou decisões de maneira pessoal – e com responsabilidade individual intransferível.

Todo investimento tem um risco. Esse risco pode ser o menor dentre todas as possibilidades, mas isso não significa um evento com poucas chances jamais acontecer. Não existe dinheiro fácil para ser ganho sem risco: é uma falsa promessa para incautos.

Sempre quando se deparar com um investimento acompanhado do adjetivo “garantido”, desconfie. Antes de entrar em qualquer investimento, avalie os riscos. Isso te deixará com maior maturidade para montar uma carteira diversificada em ativos de valor.

Obviamente alguns riscos podem não ser tão fáceis de ver e a descoberta pode vir muito tempo depois. Mas para isso existe a diversificação em valor sem “espalhar dinheiro” sem critério.

“Diversificação é proteção para a ignorância quanto ao desconhecido. Faz pouco sentido se souber o que está fazendo com profundo conhecimento”.

Porém, quanto maior sua diversificação em valor, menor o risco – e também o retorno da carteira. Em geral, recomenda-se ao pequeno investidor pessoa física procurar fugir de risco, não aumentar retorno.

Com base em Matemática básica parece ser bem simples a recomendação de diversificação de portfólio: dois ativos, risco de 50%; quatro ativos, 25%; dez ativos, 10% e assim por diante. Quanto mais se diversifica, menor o risco. Mas se o risco se torna sistêmico, como em situação de “bolha de ativos”, ele contamina todas as ações. Assim como estavam em alta em conjunto, no boom, podem cair ao mesmo tempo no crash.

Obviamente, não é para diversificar seu portfólio somente com ativos da bolsa de valores. Senão, você estaria investindo em ativos sem compensação de queda em renda variável com maior renda fixa.

“Diversificar é para quem tem muito dinheiro!” Este é um bullshit contraditório ao anterior. Mas todo bullshit é meia verdade, ou seja, uma mentira inteira. O argumento utilizado nesta falácia – só é necessário diversificar quando se tem muito dinheiro –, se baseia na ideia de, inicialmente, os aportes iniciais deveriam ir todos para um único investimento ou para uma única classe de ativos com a finalidade de “maximizar o retorno ao não o dispersar com perdas”.

O contra-argumento de Giovanni Tieghi Pepi e Bastter é isso ser “uma besteira total, porque se o iniciante colocar tudo em um único ativo o mais provável é perder, porque iniciante provavelmente não escolhe bem”. Eles defendem: “desde o início da montagem de uma carteira de investimentos deve-se diversificar”. Mas isso não quer dizer pegar uma pequena quantia e comprar dez ativos, o que vai ter um custo enorme. Compre um ativo por mês, e aos poucos vá diversificando.

Um critério no Brasil com renda pós-fixada é colocar metade do investimento nela para ganhar com elevação dos juros, 30% em renda prefixada para ganhar com queda dos juros e 20% com renda variável. Mas esses dois últimos percentuais podem variar de acordo com o viés de alta ou baixa do juro básico e com o ciclo de vida: mais jovem assume mais risco e mais velho menos, mesmo porque tem mais a perder.

Realocar carteira é um bullshit surgido da ideia de balancear a carteira periodicamente. Caso você queira ter 30% da sua carteira em ações e, após algum tempo investindo, se deparar com uma alta sistêmica na bolsa, sua carteira poderá a ter 40% em ações.

O bullshit sugere vender 10% do patrimônio e realocar em renda fixa, pois você passou do controle de risco. Porém, ao vender, você vai enriquecer intermediários, governo e outros duas vezes: vai pagar corretagem, ISS, emolumentos, tanto na venda quanto na compra, se for em renda variável. Em caso de renda fixa vai perder o grande ganho dos juros compostos no tempo e nunca chegar na fase dos ganhos extraordinários.

Seu risco não aumenta por elevação da cotação de um ativo. Se você tinha R$ 1.000 e passa a ter R$ 2.000, o investimento não se torna mais arriscado. De acordo com sua aversão ao risco prévia, balanceie a carteira com novos aportes, e não vá vender o ativo em alta. Use apenas o dinheiro novo do seu trabalho para fazer os investimentos com menor percentual no seu controle de risco.

Não é preciso juntar muito dinheiro antes de investir. Este falseia um bullshit propício ao afastamento de investidores iniciantes, principalmente jovens em início de carreira ou pessoas temerosas ao se reorganizarem financeiramente.

  • Tesouro Direto: a operação mínima é 30 reais. É possível comprar frações de títulos, ou seja, você pode comprar 0,01 título, resultando em valores abaixo de 100 reais.
  • Ações: você não precisa comprar um lote de ações, é possível comprar de 1 em 1 ação no mercado fracionário.
  • Fundos de investimento imobiliário: também podem ser negociados de 1 em 1 ativo. Com cerca de R$ 100 reais é possível investir.

Portanto, é possível investir com pouco dinheiro. O mais importante é você conseguir poupar algo. O ideal seria no mínimo de 10% a 20% dos seus ganhos. Para investir, não é preciso ser rico!

Assessoramento Financeiro e a Teoria da Diversificação de Portfólio publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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