Gustavo Cerbasi, no livro “Adeus, aposentadoria: como garantir seu futuro sem depender dos outros”, considera o comportamento usual pouco preventivo com a ausência de Educação Financeira nas famílias e nas escolas.
“Ao longo dos anos, vamos reforçando essa ideia e refutando qualquer outra que ameace esse plano específico de se aposentar aos 65 anos. Educamo-nos para crescer na carreira até os 45, investimos em nossa rede de relacionamentos por mais alguns anos, trabalhamos sobrecarregados nos últimos 10 anos antes da aposentadoria, para então alcançarmos nosso grande objetivo e nos arrependermos de não termos estudado mais, desfrutado mais, criado oportunidades diferentes na carreira ou ousado mais nos primeiros anos. Quase todos seguem a mesma receita, quase todos colhem o mesmo resultado: frustração.
Nossa sociedade nos ensinou a fazer planos para o trabalho, mas não para viver bem posteriormente. Não faltam relatos de pessoas que decidiram dar um novo rumo a sua vida, mas que apenas aumentaram sua frustração em razão da falta de preparo.”
Há falta de planos de negócios específicos como estudar o mercado em que se pretende abrir um negócio – abre-se muitas vezes um franchising de lojas já em excesso como drogarias, salões de beleza, barbearias, hamburguerias, temakerias, sorveterias, etc. –, a provável ansiedade para iniciar o empreendimento e obter renda, e a ausência de preocupação com esse tema enquanto estava na ativa colocam um aposentado em uma armadilha de quebrar e perder todas as reservas financeiras. Passa a ser mais um idoso dependente dos baixos ganhos da Previdência Social e/ou da família.
Algumas pessoas até realizam, parcialmente, esse tipo de planejamento quando optam por um concurso público ou decidem seguir a carreira esportiva. Sem dúvida, um atleta comum (não as “celebridades” porventura com cérebro) tem consciência de não poder se dar ao luxo de descansar quando se aposentar do esporte aos 35 ou 40 anos.
Mas, independentemente da carreira e dos caminhos escolhidos, é provável ser otimista demais ao contar com o acaso (sorte tipo “Deus dará) para as coisas não acontecerem como de fato acontece com outros, isto é, a grande maioria. O patrimônio ideal (PI) para aposentar equivale a 10% do gasto anual da família vezes a sua idade. Seu patrimônio (bens e investimentos) é igual ou superior a esse valor?”
PI = 10% x [Gasto Anual da Família] x Idade, ou PI = 10% x 12 x Gasto Médio Mensal x Idade, como explicado em seu livro Como organizar sua vida financeira (www.maisdinheiro.com.br/livros).”
PI = 10% x [R$ 150 mil] x 67 = R$ 1,005 milhão
Esta fórmula, sugerida por Gustavo Cerbasi, resulta em um valor bem inferior ao do algoritmo 1-3-6-9, onde eu acrescentei um 12. Isto porque, aos 65 anos, com apenas nove salários anuais, por exemplo, quem recebe R$ 25.000 / mês (R$ 300.000 ao ano), necessitará de saldo de R$ 2.700.000,00. No entanto, para ser “quase milionário em dólares” necessitará acumular 12 salários anuais ou R$ 3.600.000,00. Com a taxa de juro mensal de 0,5%, aí sim poderá retirar mensalmente o último salário anual (R$ 25 mil) por 240 meses ou vinte anos até esgotar essa reserva. Isto independentemente de outras fontes de renda como quase todo o salário de servidor público na ativa e alugueis, desconsiderando a aposentadoria do INSS.
“A solução do problema não se limita à acumulação de patrimônio. Há outras questões a se tratarem no aspecto emocional e na preparação para empreender e investir com segurança e bons resultados, mas por enquanto iremos nos ater a criar uma estrutura financeira adequada para o período da vida em que você busca ter maior liberdade.”
No início da carreira profissional aí sim vale ler os conselhos de Gustavo Cerbasi para o planejamento de sua vida financeira. Você precisa de uma ou mais das seguintes soluções:
- poupar e investir, regularmente, para acumular um patrimônio significativo em 35 anos, capaz de gerar uma renda maior em relação à consumida regularmente;
- acumular conhecimentos e diferenciais de modo você se tornar um profissional muito solicitado e com potencial para exercer diversas atividades, a ponto de poder selecionar o mais interessante;
- criar fontes de renda passiva, não dependente diretamente de você, como direitos autorais, royalties ou negócios rentáveis sem intervenção significativa de sua parte.
Não adote, em nome de uma vida de prazer, o conformismo com o declínio de sua condição de consumo e bem-estar nos últimos anos de sua vida, como se isso fosse, simplesmente, normal. O planejamento da aposentadoria não pode ser um exercício de procrastinação de modo a te colocar impotente pela falta de escolhas diante das forças da economia.
Todas as pessoas devem contribuir para o INSS (até mesmo como trabalhador autônomo) para garantir pelo menos um “piso” de dois salários mínimos.
As vantagens da aposentadoria pelo INSS são:
- o fato de ser garantida pelo governo, o que significa que irá oferecer seus benefícios mesmo que sua operação seja deficitária; e
- o caráter vitalício do benefício, a partir de quando passa a ser desfrutado. Mesmo que o beneficiário venha a falecer precocemente, a renda passa para o cônjuge. Se este também falecer logo, a verba é direcionada para os filhos até os 18 anos – ou até os 21, se os jovens estiverem na faculdade.
- Além disso, o benefício é isento de imposto de renda a partir dos 65 anos.
As desvantagens da aposentadoria pelo INSS são:
- seu custo de vida tende a crescer com o passar dos anos, e o montante pago pelo INSS não acompanhará essa evolução, portanto, outras iniciativas são necessárias para complementar sua renda.
- quem não mantiver seus documentos organizados ao longo de toda a vida deve se preparar para lidar com filas, informações incompletas e servidores sem qualquer motivação para solucionar problemas.
- necessidade de manter arquivados e organizados todos os comprovantes de recolhimento: caso você se sinta injustiçado pelos cálculos feitos no momento de definir seu benefício (o que quase sempre acontece), só poderá contestá-los com provas documentais.
- não deixe de contribuir para o INSS para ter direito a diversos benefícios, não só à renda na aposentadoria.
A contribuição para o INSS é obrigatória para quem recebe remuneração proveniente do seu trabalho. Apenas os segurados facultativos (donas de casa, estudantes, síndicos de condomínio não remunerados, desempregados, presidiários não remunerados e estudantes bolsistas) podem optar por não contribuir. Quem não recolhe as contribuições obrigatórias se torna devedor e pode ter a dívida executada a qualquer momento. A previdência social tem 5 anos para cobrar os atrasados.
Quem trabalha como PJ ou é empresário, o próprio precisa pagar um “boleto” chamado GPS, que é gerado por sistemas do Governo. A facilidade para essas pessoas é elas, de certa forma, determinarem o quanto vão contribuir. Por exemplo, um PJ com remuneração acima de R$ 5.840,00 deveria pagar o teto por mês ao INSS, mas pode formalizar para só retirar um salário mínimo da conta da empresa. Então, acaba pagando menos de R$ 100,00.
“Quem contribuir para receber seu benefício pelo teto irá, inevitavelmente, ter seus planos frustrados”. Os únicos beneficiados sem corte de renda são quem contribuiu para receber apenas um salário-mínimo, isto é, o piso se a reforma da Previdência Social não o cortar.
O ideal é contribuir apenas com o desconto mínimo obrigatório, para garantir o benefício de um salário-mínimo por tempo de contribuição, bem como todos os outros benefícios do INSS. Para complementar o valor restante de sua renda, é recomendável utilizar outros planos de Previdência Complementar.
Comportamento Financeiro: Maneira de Pensar ou Mentalidade Equivocada publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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