terça-feira, 26 de março de 2019

Quando poupar, investir e gastar: Fase de Acumulação e Fase de Consumo

Aporte no título com vencimento mais longo é possível inclusive por parte de gente idosa. Não temos como saber quanto tempo viveremos. Claro isso exigir bom senso: uma pessoa com 80 anos não aporta em um título para vencimento em 27 anos. Mas a maioria das pessoas perguntam se não estão velhas demais para investimento em longo prazo de 50 a 60 anos. Elas podem sobreviver por muito tempo ainda.

Quanto a desfrutar do dinheiro, pergunte-se: o que fazer com o dinheiro quando resgatar o investimento? Se for levar tudo em espécie para casa, melhor repensar suas estratégias. Se for retirar e aplicar em outros investimentos, vai pagar Imposto de Renda, taxas e intermediários. Então será melhor deixar o dinheiro investido por mais tempo. Se for realmente necessário usar, liquide o mais próximo do vencimento. Caso não precise, para isso justamente você acumulou patrimônio: ter liberdade financeira! E deixar para seus herdeiros. Patrimônio traz tranquilidade financeira em qualquer idade.

Os gastos supérfluos são prejudiciais, porém é um bullshit dizer: “para enriquecer é preciso cortar todos gastos”. Giovanni Tieghi Pepi e Bastter, coautores do livro “O Click da Riqueza: Livre-se das ideias perdedoras de dinheiro”, desmistificam essa ideia, porque o poupador pode viver melhor porque não está preso a carnês e prestações. Conforme você vai investindo a sobra de renda, poderá ao mesmo tempo, paradoxalmente, gastar mais e poupar mais.

Se uma pessoa resolve poupar 20% dos seus ganhos e utilizar os 80% restantes para seus gastos, obrigações e sustento, conforme o tempo passa e o patrimônio se acumula através dos juros compostos, a renda total (a do trabalho somada à do capital) aumenta. Logo, 20% de uma renda maior fará ela aumentar a quantia nominal poupada. De modo similar, os 80% restantes serão de uma renda maior e poderá ser utilizada como quiser.

Se esse um indivíduo não se organizou financeiramente apenas para poupar, mas também para investir na sua formação e capacidade de gerar renda, no seu trabalho, ele provavelmente também aumentará sua renda. Com maiores titulações e experiência profissional se sobe na escala salarial.

Portanto, após pagar suas dívidas e começar a se pagar primeiro, não precisa conter gastos em tudo. Quer fazer uma viagem com a família para outro país? Faça com o planejamento consciente do uso sábio do seu dinheiro. Jantar em um restaurante mais caro? Em vez em quando!

O que vai de fato te enriquecer é se tiver acumulado primeiro, e não ficar obcecado em cortar gastos eternamente. O dinheiro não é o objetivo, é o meio para viver melhor. Poupar na fase de acumulação traz tranquilidade financeira para ter o que deseja na fase de consumo.

É totalmente infundada a ideia de, para investir, principalmente na renda variável, ser necessário acompanhar cotidianamente as notícias sobre empresas. As manchetes escandalosas visam atrair leitores. Se a bolsa está subindo ou caindo, este assunto vai estar na pauta dos principais meios de comunicação na parte de Economia. Diversos “especialistas” serão entrevistados e vão passar dicas baseadas nesse cenário. Alguns chegam ao ponto de prever o futuro dizendo precisamente quanto o dólar vai subir, vai cair, ou a bolsa vai bombar/estourar, se haverá uma bolha ou uma crise, etc.

Você deve investir independentemente do cenário. Não importa se a bolsa sobe ou cai, o que importa é se as empresas escolhidas para ser sócio continuam boas. Para acompanhar isso, você deve estudar o resultado das empresas divulgado oficialmente todo ano, ou os resultados parciais dos trimestres, se suspeitar de alguma coisa. Todo o resto falado da empresa em mídia você não necessita ler, aliás, talvez tome melhores decisões sem essa heurística da representatividade. Seus critérios não devem se basear em últimas notícias ou manchetes marcantes na memória recente. Acompanhando noticias, a única certeza é você enriquecer corretoras, bolsa, intermediários e governo ao vender no fundo e comprar no topo.

O último bullshit discutido neste livro impede muitas pessoas, mesmo conscientes de todas falácias discutidas, a continuarem longe da tranquilidade financeira.

Esse bullshit refere-se a quem poupa, investe em valor, mas acaba perdendo tempo e qualidade de vida ao passar horas criando planilhas no Excel para calcular tudo e registrar todos os gastos em detalhes em categorias dessa planilha.

Não existe problema algum em querer controlar os gastos, principalmente para quem está tentando pagar as dívidas e se reestruturar financeiramente. Mas a obsessão por controle de tudo, nos mínimos detalhes, vai levar a pessoa a sofrer e perder tempo, para um resultado mínimo. Muitas vezes a perda de tempo com isso pode levar a não conseguir tocar outros projetos na sua vida capazes de o deixar com um patrimônio final muito maior.

Investir envolve acompanhar os investimentos, mas no caso de ações das empresas não é necessário acompanhar tudo nos mínimos detalhes. Você se torna sócio minoritário do empreendimento e tem total liberdade para sair dele se não atender mais a seus critérios. Então, ao invés de se preocupar com pequenos detalhes, foque nos resultados e anualmente avalie se o investimento ainda faz sentido. Tenha visão holística e não individualista.

Por falta de informação, muitas pessoas preferem delegar a declaração da DIRPF – Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física a contadores. Alguns anos depois, caso ainda não tenham sido chamadas pela Receita Federal para prestar contas de informações erradas, percebem vários investimentos terem sido declarados errados ou estarem ausentes. Por exemplo, os contadores declaram as ações por preço de fechamento no ano, quando o custo a ser declarado é o de aquisição.

Todo investidor deve ter um controle dos seus investimentos, para conferir com os informes enviados pelos escrituradores de ações e fundos de investimento imobiliários, para fazer a própria declaração e evitar problemas com a Receita Federal.

Em todas áreas do conhecimento se deve afastar as falsas informações, baseadas em premissas falsas e repetidas indiscriminadamente. Nos investimentos, isso não é diferente. Infelizmente, nem todos cidadãos possuem uma cultura de poupança e planejamento financeiro, e menos ainda de investir em renda variável. Por isso, a maior parte das informações vistas e escutadas por aí diz respeito a indicações de compra e venda enganadoras. Potenciais investidores ficam perdidos e não sabem discernir o que é um fato (números de balanços) ou é uma opinião impressionista. Por isso há necessidade de Educação Financeira serena através de boas leituras e aulas com bom professor.

Quando poupar, investir e gastar: Fase de Acumulação e Fase de Consumo publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com



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