Em seu livro sobre comunicação interpessoal, Sinais Honestos, Alex Pentland mostrou os padrões de interação, independentemente de conteúdo, serem uma medida precisa do fluxo de ideias e tomada de decisões. Conforme relatado na revista Nature, isso acontece porque o padrão de interação – quem interrompe quem, como muitas vezes as pessoas falam e para quem – são sinais sociais de dominância, fluxo de ideias, concordância e engajamento.
Portanto, geralmente podemos ignorar completamente o conteúdo das discussões e usar apenas os sinais sociais visíveis para prever:
- o resultado de uma negociação ou um discurso de vendas,
- a qualidade da tomada de decisões em grupo e
- os papéis assumidos pelas pessoas dentro de um grupo.
Como esses sinais sociais interagem com a linguagem nos humanos modernos? A evolução raramente descarta instrumentos de trabalho bem-sucedidos. Geralmente, ela constrói estruturas adicionais e, ao mesmo temp, retém as capacidades antigas ou inclui estruturas antigas como elementos do novo. Quando nossos recursos de linguagem começaram a evoluir, nossos mecanismos de sinalização existentes foram incorporados ao novo design. Como consequência, nossos antigos sinais sociais ainda moldam nossos padrões modernos de conversação.
Em vários estudos de pequenos grupos resolvendo problemas, nós instrumentamos cada pessoa para medir tanto sua sinalização social quanto seu padrão de interação. Descobrimos cada um dos diferentes papéis sociais, identificados pelos psicólogos, ou seja, protagonista, defensor, atacante ou neutro, usam diferentes sinalizações sociais e, como consequência, diferentes padrões de duração da fala, interrupção dos outros, frequência da fala, etc.
O mesmo vale para o conteúdo da informação: alguém quando contribui com uma nova ideia fala de forma diferente de alguém apenas orientando o grupo a retornar a uma ideia anterior ou a alguém neutro. Como resultado, o padrão de interação de cada pessoa pode ser usado para identificar seu papel funcional – seguidor, orientador, doador, buscador e assim por diante – sem ouvir as palavras.
Da mesma forma, assim como sinais sociais determinam a rede de dominância em colônias de macacos, os padrões de conversas em humanos modernos determinam os lugares das pessoas em suas redes sociais. Em particular, a estrutura social pode ser entendida a partir do padrão de quem controla a conversação, isto é, quem inicia a conversa, quem interrompe, etc.
“Por exemplo, quando medimos os padrões de conversação de vinte e três membros de nosso laboratório, durante um período de duas semanas, descobrimos a influência sobre o padrão de conversação previa a posição dos indivíduos em sua rede social quase perfeitamente. Juntos, esses e outros experimentos sugerem fortemente a influência sobre o padrão da conversa ser uma medida precisa da influência dos indivíduos em suas redes sociais vizinhas”.
Todos conhecemos muitos desses sinais sociais, mas outros são mais difíceis de perceber conscientemente. Um exemplo familiar é o contágio do humor. Se um membro de um grupo é feliz e animado, outros tendem a se tornar mais positivos e entusiasmados. Além disso, esse efeito induzido por sinalização no humor serve para diminuir as percepções de risco dentro dos grupos e para aumentar o vínculo.
Da mesma forma, as pessoas tendem a imitar umas às outras automática e inconscientemente. Apesar de ser inconsciente, esse comportamento de imitação tem um efeito importante sobre seus participantes: aumenta o quanto eles têm empatia e confiam uns nos outros. Não é de surpreender as negociações com muitos mimos tendem a ser mais bem-sucedidas, independentemente da parte inicial a copiar os gestos do outro.
Cada um desses sinais tem raízes na biologia do nosso sistema nervoso. O mimetismo está relacionado aos neurônios-espelho corticais, partes de uma estrutura cerebral distribuída exclusiva dos primatas e especialmente proeminente em humanos.
Por exemplo, os neurônios-espelho reagem às ações de outras pessoas e fornecem um canal de feedback direto entre as pessoas. Um resultado disso é a capacidade surpreendente de recém-nascidos humanos para imitar os movimentos faciais de seus pais, apesar de sua falta geral de coordenação.
Da mesma forma, nosso nível de atividade está relacionado ao estado do nosso sistema nervoso autônomo, uma estrutura neural extremamente antiga. Sempre quando precisamos reagir com mais vigor – digamos, em situações de luta ou fuga ou quando sexualmente excitados – esse sistema aumenta nosso nível de atividade.
Por outro lado, tendemos a ficar indiferentes e menos reativos quando nosso sistema nervoso autônomo está embotado, como durante a depressão clínica. A relação entre a função do sistema nervoso autônomo e o nível de atividade é estreita o suficiente para usá-la para estimar com precisão a gravidade da depressão.
Na verdade, esses padrões de sinalização são tão claros a ponto de agora serem usados comercialmente para detectar condições de saúde mental, como depressão, e monitorar o envolvimento do paciente durante o tratamento. Para mais detalhes, consulte http://cogitocorp.com, uma empresa spin-off do MIT.
Leia mais: Dossiê Sinais Sociais
Sinais Sociais publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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