quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Agregados do solo: entenda o que são e por que a estabilidade importa

A fertilidade dos solos é uma questão crucial para a atividade agrícola e, consequentemente, para a vida humana. Não é à toa que há muitos investimentos em pesquisas e desenvolvimento de técnicas, processos e sistemas com o objetivo de aumentar a produção. Dentro desse contexto, muito pouco se fala sobre a importância dos agregados do solo e do papel crucial que exercem na manutenção da saúde das áreas agrícolas.

O desafio é tentar não exaurir os substratos, evitando que fiquem inférteis e contaminados. Afinal, é imprescindível garantir a subsistência das próximas gerações, certo?

Quer entender um pouco mais sobre esse assunto? Então, não deixe de conferir a leitura deste post! Vamos lá?

O que são agregados do solo?

Quando se fala em equilíbrio dos substratos agrícolas, uma das questões que mais confundem os agricultores são os agregados do solo. Muitas vezes, eles são confundidos com torrões, mas a verdade é que são dois conceitos absolutamente distintos, e até mesmo antagônicos.

O termo “agregados do solo” descreve o resultado de diversos processos biológicos, físicos e químicos que, juntos, promovem a união de partículas. Por meio da interação da atividade microbiana, exsudatos de raízes e matéria orgânica, são formadas pequenas estruturas que têm um papel importantíssimo na manutenção da saúde de um substrato: os agregados.

Em outras palavras, os agregados do solo se referem a vários conjuntos de partículas minerais que, ao se ligarem à matéria orgânica, formam pequenas estruturas. Dentro do ecossistema do solo, eles são os responsáveis por proteger da oxidação o carbono disponível no solo, o que, por sua vez, acaba contribuindo para a criação de um ambiente ideal ao desenvolvimento de plantas.

Assim, a presença de agregados do solo é, hoje em dia, considerada um excelente indicador da qualidade e da saúde de um substrato. Em função da sua rugosidade e porosidade características, eles contribuem para uma melhor infiltração de água, maior estabilidade, menor erosão e aumento da quantidade de matéria orgânica disponível, além de permitirem o desenvolvimento de raízes entre eles.

Já a compactação dos solos, que dá origem aos torrões, é um processo altamente negativo, que exerce influência direta na queda de produtividade da produção agrícola.

Ao contrário dos agregados, os torrões são formados basicamente pela pressão exercida por máquinas agrícolas em solos desprotegidos. Os torrões têm coloração opaca e sua estrutura extremamente compactada não permite o desenvolvimento de raízes, além de dificultar a infiltração de água nos perfis inferiores do solo e contribuir para processos erosivos.

Qual é a importância dos agregados do solo para a agricultura?

Na prática, os agregados do solo fazem com o que o solo se mantenha estruturado e consistente, mas sem comprometer a sua porosidade para a passagem de nutrientes, ar e água. Se essas estruturas não estiverem presentes, o solo se apresenta compactado, prejudicando a formação radicular das plantas.

Além disso, seres que participam dos ciclos naturais do solo, como formigas, minhocas e cupins, não conseguem escavá-lo. E se o ar não penetra, os micro-organismos do solo também morrem — e estes também têm um papel importante na nutrição das plantas.

Com o solo compactado, a matéria orgânica fica exposta na superfície e vulnerável à ação das chuvas e do sol, sendo carregada pela água e pelos ventos. Como o solo perde seus elementos de coesão, a erosão se torna um resultado natural.

As plantas, por sua vez, não conseguem desenvolver suas raízes de forma significativa para se prender e absorver nutrientes. Assim, além de ter seu desenvolvimento prejudicado, ficam mais sujeitas a tombamento ao enfrentar fortes ventos.

Em síntese, essa agregação promovida pela formação dessas estruturas está relacionada a condições essenciais para um solo saudável:

  • aeração;
  • penetração e retenção da água;
  • desenvolvimento de raízes;
  • retenção de nutrientes.

Vale ressaltar novamente que os agregados do solo são responsáveis pelo processo de ganho e retenção de carbono no solo, pois funcionam como uma forma de proteger a matéria orgânica. Isso ocorre porque o solo é um dos principais reservatórios de carbono do planeta. Ele produz e retém carbono da atmosfera, dependendo da forma como o manejo da lavoura é realizado.

Ao degradar os agregados do solo, revolvendo as estruturas, o solo perde seus estoques de carbono. Algumas técnicas, que veremos mais adiante, são capazes de reduzir esse efeito e promover as estruturas dos agregados. Veja antes, porém, que práticas podem atrapalhar esse processo.

O que pode prejudicar a agregação do terreno?

Muitas das práticas agrícolas amplamente utilizadas ao longo das últimas décadas revelaram-se significativamente prejudiciais à agregação do solo. O uso intensivo do substrato, com a utilização do chamado plantio convencional, é uma das principais.

O revolvimento, prática relacionada ao plantio convencional, rompe os agregados do solo e expõe ao ar a matéria orgânica (antes “protegida” pela partícula). Com isso, ela fica muito mais suscetível à oxidação, o que diminui os estoques de carbono do solo, prejudicando seriamente seu equilíbrio.

O revolvimento também é indiretamente responsável pela aceleração dos processos erosivos, visto que, ao promover a destruição dos agregados, a capacidade de infiltração de água e a penetração das raízes no substrato também acabam prejudicadas. Em longo prazo, isso pode mudar drasticamente as características de um terreno.

A queima da palha após a colheita, outra técnica bastante utilizada por alguns agricultores, também influencia negativamente a formação e estabilidade dos agregados do solo. A queima mata grandes quantidades de micro-organismos nativos da região, que participam diretamente da formação dos agregados.

Como garantir a maior estabilidade dos agregados?

Praticamente todo produtor agrícola sabe o quanto é crucial o manejo adequado dos solos. E não é para menos! Afinal, solos manejados de maneira equivocada tendem a ter sua fertilidade e seu equilíbrio seriamente prejudicados. O resultado? Perdas consideráveis de produtividade, maior suscetibilidade à infestação por pragas e, em casos extremos, até mesmo a inviabilidade total do uso da área para fins agrícolas.

Tendo isso em vista, garantir a manutenção e a estabilidade dos agregados do solo é essencial, já que o processo de desagregação restringe o desenvolvimento de raízes e afeta diretamente o aporte de água e nutrientes às plantas.

Por outro lado, um solo com agregados estáveis comprovadamente oferece maior resistência às forças de desagregação promovidas pela água e pela utilização de maquinário agrícola pesado.

Assim, caso um solo apresente agregados que se desintegram com facilidade, isso é um importante indicativo de que a área não está sendo manejada da melhor maneira.

Existem dois importantes mecanismos relacionados ao aumento da estabilidade dos agregados pela matéria orgânica do solo. O primeiro ocorre pela ligação entre materiais orgânicos e partículas minerais ou pela ação de raízes. Em segundo lugar, há a própria ação da matéria orgânica que impede a penetração de água no agregado, evitando sua quebra.

Dito isso, podemos afirmar que estratégias que visam a geração e a preservação da matéria orgânica no solo contribuem para a estabilização dos agregados, tanto por questões químicas quanto por fatores físicos e biológicos.

Mas, afinal, como manejar corretamente o solo na prática e, assim, garantir a maior estabilidade dos agregados, promovendo a saúde e a fertilidade do terreno? Considere algumas das principais estratégias.

Como conservar o solo por meio do manejo adequado?

Entre as estratégias que vêm sendo adotadas por diversos produtores, as práticas de agricultura conservacionista são as principais.

Plantio direto

O plantio direto (sistema de manejo em que a palha e os restos da cultura anterior são deixados na superfície do solo) tem o poder de reduzir o impacto das gotas de chuva no substrato devido à presença da palha, além de atenuar as variações de temperatura e manter estáveis os níveis de umidade junto ao solo.

Essas características, somadas ao não revolvimento antes da semeadura, fazem do plantio direto uma importante ferramenta na manutenção da estabilidade dos agregados do solo.

Sistemas de manejo integrado

Do mesmo modo, as chamadas ILP (Integração Lavoura-Pecuária) e a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) também contribuem positivamente para essa questão. Esses sistemas de manejo exploram a pecuária e a lavoura (além das florestas, no caso da ILPF) de maneira integrada, em rotação ou sucessão, em uma mesma área.

Além de aumentar a eficiência do uso do solo, esse método agride menos o meio ambiente e estabiliza o ecossistema, o que contribui efetivamente para a manutenção dos agregados do solo.

Promoção da meso e macrofauna do solo

A presença da chamada meso e macrofauna do solo, como as minhocas, também tem um papel fundamental na formação e estabilização dos agregados. Esses animais alimentam-se de partículas do substrato ao mesmo tempo em que se movimentam, criando espaços por onde o ar e a água circulam livremente, deixando o solo mais poroso.

Além disso, seus excrementos são parte fundamental na formação de agregados estáveis e resistentes a forças desagregadoras. São resultado da digestão de uma grande quantidade de terra e restos vegetais, dando origem ao que chamamos de húmus. Esse componente é responsável por mineralizar nutrientes indispensáveis para as plantas, como fósforo, boro, magnésio e potássio, além de conter bactérias que ajudam a fixar o nitrogênio.

Manutenção periódica dos veículos motorizados

A mecanização é um elemento-chave para garantir melhores resultados no campo. Mas é preciso tomar certas precauções para as máquinas não se tornarem um vetor de degradação. A parte dos veículos que entra em contato com o solo são os pneus. No entanto, fatores como o peso e a movimentação são causas da compactação do terreno.

Assim, é fundamental cuidar da manutenção dessas máquinas para alcançar o máximo da sua eficiência. Quanto mais eficientes, menos precisarão trafegar pelo talhão, reduzindo seu impacto no solo.

Além disso, para obter êxito no processo de preparação do solo, é importante que todos os implementos relacionados a essa operação estejam em condições adequadas para o uso antes do início das atividades. Isso inclui niveladoras, grades aradoras e adubadoras. Isso evita o retrabalho e garante o melhor desempenho das máquinas.

Promoção de ações de reflorestamento

Em áreas já degradadas, o plantio de diferentes culturas tende a proteger o solo, devolvendo a ele condições adequadas para a agregação. As culturas mais usadas em ações de reflorestamento são o eucalipto e o pinheiro, pois têm raízes que sustentam o solo e absorvem bastante água.

Entre os principais benefícios que se consegue atingir com o reflorestamento, estão:

  • prevenção de assoreamento de rios;
  • recuperação de ecossistemas degradados;
  • controle da erosão;
  • prevenção de deslizamentos de terra;
  • controle de temperatura;
  • retenção de gases poluentes;
  • abrigo e retenção da fauna.

Rotação de cultura

No sistema de rotação de cultura, o terreno é divido em partes, e uma delas fica em descanso, enquanto outras ficam ocupadas. Depois da colheita, a parte em descanso recebe o plantio, enquanto outra descansa.

Essa prática é muito vantajosa para o solo, pois evita o esgotamento dos nutrientes do solo e a infertilidade, e contribui para seus atributos físicos pela diferença dos sistemas radiculares das espécies plantadas. Assim, o produtor rural consegue atingir produtividade sem exaurir as propriedades da área.

Manejo em solo seco

Quando as máquinas agrícolas trabalham sobre o solo úmido, ele fica amassado e cria o que chamamos de barro, perdendo seus agregados. Nesse caso, o ideal é utilizar o maquinário em solo seco e definir rotas fixas para reduzir o impacto negativo, pois a maior parte do terreno continuará intacto.

Conservação da mata nativa

O desmatamento é uma das práticas mais nocivas para a agregação. A mata nativa presente na região apresenta características e nutrientes que ajudam a manter a saúde do solo.

Como sabemos, a vegetação por meio das suas raízes serve como uma âncora para o solo. Ao ser retirada, as chuvas pesadas transportam a terra, reduzindo o leito dos rios, o que causa inundações e erosão. Trata-se de uma reação em cadeia que prejudica diversos setores da economia e, sobretudo, a produtividade do agricultor.

Análise do solo

Por meio da análise do solo, é possível diagnosticar o estado de conservação ou de degradação dele. A partir daí, o produtor, com a ajuda de um agrônomo, poderá implementar estratégias para reverter processos erosivos e outras condições adversas e nocivas ao solo.

Alguns dos importantes diagnósticos recomendados são a taxa de infiltração de água no solo, a identificação de camadas compactadas e a análise de amostras de solo para avaliar a granulometria e a fertilidade. Esse tipo de pesquisa levantará os dados necessários para entender quais medidas podem e devem ser adotadas para promover a agregação do solo.

Em conjunto, as técnicas conservacionistas de manejo de solos têm o poder de manter a capacidade de agregação do terreno e, mais do que isso, preservar a estabilidade das partículas ao longo do tempo. Basta testá-las e colher os frutos antes mesmo do que você imagina: agregados do solo estáveis que contribuem para aumentar a produtividade das suas áreas!

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