A pulverização agrícola é uma das operações mais importantes do processo produtivo. Especialmente para a produção em média e larga escala, o uso de defensivos garante maior proteção contra doenças e pragas na lavoura. Mas, para alcançar a eficiência e a redução de custos, é importante ter um bom planejamento. Nessa etapa, a definição da faixa de aplicação é uma das principais decisões.
Mas qual é a importância desse planejamento? Que problemas o produtor pode ter caso não defina adequadamente sua faixa de aplicação? Que bicos usar? Quais tecnologias podem auxiliá-lo? É sobre essas questões que discutiremos neste artigo!
Por que é importante definir a faixa de aplicação?
A aplicação de defensivos em pulverizações terrestres usa uma barra acoplada que percorre faixas para distribuir uniformemente o produto em toda a lavoura. A largura da barra varia conforme o modelo do equipamento. No entanto, antes de percorrer esse trajeto, é importante definir a faixa de aplicação. Afinal, a definição inadequada dessa faixa pode acarretar alguns problemas, que veremos agora.
Sobreposição
A sobreposição ocorre quando, na passada de faixas próximas, são depositados produtos em áreas já tratadas. Muitos produtores preferem trabalhar com certa margem de sobreposição para garantir que não haja falhas no processo, evitando a ocorrência de plantas não pulverizadas.
No entanto, o excesso seria economicamente inviável e resultaria em um grande desperdício. Por exemplo, uma sobreposição em torno de 5% poderia gerar um custo adicional em torno de R$ 35 mil por ano.
Deriva
A deriva acontece quando o produto não acerta o alvo, caindo ou dentro da área trabalhada ou fora dela. Embora os principais causadores sejam climáticos, um mau planejamento da faixa de aplicação também pode gerar deriva. Por exemplo, parte da barra pode ficar para fora do talhão, fazendo com que produtos sejam aplicados em áreas indesejadas, causando danos ambientais.
Saturação da folha
A indefinição da faixa de aplicação, além de causar sobreposições, pode ocasionar saturação da calda na superfície foliar das plantas, resultando no escorrimento.
Sabemos que os defensivos têm um custo considerável, e evitar perdas é fundamental para garantir a competitividade do negócio e reduzir o volume de investimentos com a produção. Assim, recomenda-se planejar adequadamente a faixa de aplicação para alcançar a eficiência da operação de pulverização. Entenda como conseguir isso!
Como o maquinário pode beneficiar a pulverização?
Existem hoje diversas tecnologias que auxiliam na aplicação de defensivos agrícolas, muitas delas advindas da agricultura de precisão. Elas garantem maior exatidão nas aplicações, evitando que haja sobreposições, derivas ou áreas não tratadas.
Controle bico a bico
O controle automático de seções corta a liberação de produtos no conjunto de bicos que está passando em uma área já tratada. Essa marcação ocorre automaticamente por meio de posicionamento GPS. Esse mesmo controle acontece caso os bicos passem em uma área fora do talhão, evitando que o produto seja liberado em um local não desejado.
Barra de luzes
A barra de luzes é um indicativo no display do computador de bordo que direciona a máquina por meio do GPS. As luzes indicam a distância que deverá ser percorrida pelo operador e que manobras são necessárias para entrar na próxima linha.
Piloto automático
O piloto automático em máquinas agrícolas traz grandes ganhos à produção. Por ser dirigido por um sistema digital, ele aumenta a precisão e a uniformidade na faixa de aplicação. Além disso, reduz o consumo de combustível e eleva a capacidade operacional das máquinas
Um ponto interessante é que as passadas podem ser gravadas para serem reproduzidas posteriormente. Assim, a primeira operação pode ser feita por um operador experiente e depois reproduzida por funcionários com menor habilidade, sem que isso afete a qualidade do processo de pulverização.
SmartSet
O SmartSet é um site que informa todas os dados necessários para auxiliar o operador na definição da faixa de aplicação. Com essas informações exatas e confiáveis é possível calibrar as máquinas para atingir o melhor nível de qualidade possível na operação. Tudo é feito de forma prática em apenas quatro passos:
- escolha do tipo de produto;
- escolha do tipo de fertilizante;
- escolha do tipo de maquinário usado;
- os ajustes finais que devem ser realizados.
No fim, os resultados podem ser salvos no computador ou impressos para um futuro ajuste.
Qual tipo de bico usar na aplicação?
Encontrar a ponta de pulverização mais adequada para usar nem sempre é fácil, especialmente com a grande variedade presente hoje no mercado. Mas algumas características gerais são normalmente mais aceitas.
Hoje, a maior parte dos pulverizadores usam bicos hidráulicos, que conseguem reproduzir diferentes formatos na atomização, alguns com gotas maiores — menos sujeitas à deriva. Mas talvez essas não sejam a melhor opção para fornecer uma distribuição adequada na faixa de aplicação.
Assim, geralmente os bicos leques com um ângulo maior são os mais recomendados. Eles permitem que se trabalhe com a barra de pulverização em uma altura menor, reduzindo a ação nociva do vento sobre a aplicação.
Além disso, os bicos com menor capacidade de vazão são os preferidos, uma vez que reduzem o volume de calda necessário por área.
Smart Selector
Algumas tecnologias auxiliam o produtor também na hora de selecionar o melhor bico de pulverização, como é o caso do Jacto Smart Selector. Trata-se de um aplicativo, disponível para iOS, Android e Windows 10, que permite a inserção de diversos parâmetros para indicar a ponta mais adequada. Entre as variáveis consideráveis, estão:
- velocidade de aplicação;
- volume de calda por hectare;
- espaçamento entre bicos;
- tipo de produto aplicado;
- umidade relativa do ar;
- velocidade do vendo.
Para garantir uma pulverização satisfatória, é essencial ter tudo predeterminado, o que inclui o tamanho e as configurações de aplicação na faixa de aplicação. Essas decisões vão evitar problemas com sobreposição, deriva ou contaminação ambiental por aplicar em áreas indesejadas. E não se esqueça das novas tecnologias, pois são suas aliadas para um agronegócio mais produtivo e sustentável!
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