O Peugeot 306 foi um hatch médio da marca francesa produzido entre 1993 e 2002.
O modelo foi dos principais motivos pelos quais o fabricante europeu começou a conquistar o interesse do consumidor brasileiro.
Ele desembarcou por aqui nos anos 90 e teve uma gama de versões generosa por aqui.
Foi um dos maiores rivais do Volkswagen Golf MK3 na Europa e chegou a ser fabricado pela Sevel na Argentina.
Com estilo bem característico da marca francesa, o Peugeot 306 trilhou um caminho de sucesso e gerou um bom sucessor.
Não só como um hatch, o Peugeot 306 teve vida longa como sedã também.
Na China, o modelo teve boa aceitação e chegou a ser clonado.
Apesar da proposta, o Peugeot 306 Sedan foi ofuscado em muitos mercados pelo irmão maior, o longevo 405.
Este último está em produção até hoje no Irã, mesmo após mais de 30 anos.
Irmão do Citroën ZX, o hatch europeu teve ainda uma bela perua (306 Break), que também foi vendida aqui.
O bom do Peugeot 306 é que ele vendeu aqui o sedã e também o conversível, além de versões de duas ou quatro portas.
Na mecânica, a sensação era o então poderoso 306 S16 com seus 155 cavalos.
Por aqui, toda a gama durou até 2000.
Peugeot 306
Sucessor do 309, que quebrou a sequência normal de numeração dos carros da marca, o Peugeot 306 foi um enorme sucesso.
Quando o projeto do Peugeot 306 surgiu, a imprensa europeia imaginou que ele substituiria o 205, visto que o 309 era de 1985.
Isso foi no começo de 1990 e pouco tempo depois, a Peugeot confirmava a sucessão do 309, que durou apenas um ano após a chegada do novo carro.
O Peugeot 306 seguiu as linhas básicas da marca do leão, porém, com uma fluidez maior em sua carroceria, especialmente na frente baixa e longa.
Bem distribuído, o hatch tinha grossas colunas C, ainda mais destacadas na versão de duas portas.
Essa era uma marca da Peugeot, assim como também da rival Volkswagen com seu Golf.
A área envidraçada era ampla, mesmo com as colunas grandes atrás, tendo bom entre eixos e uma inovação no eixo traseiro.
Os retrovisores eram pequenos, mas aerodinâmicos.
Desenhado por Pininfarina, que assinou igualmente o popular 205, o Peugeot 306 tinha uma plataforma realmente moderna.
Ela derivou produtos que até hoje estão em produção na Argentina, como o Peugeot Partner e o Citroën Berlingo.
O projeto era tão bom que até o Xsara – sucessor do ZX, que nascera com o 306 – seguiu com a mesma base.
Como sabemos, o Xsara deu origem a famosa Xsara Picasso, minivan muito popular no Brasil.
Mas, o Peugeot 306 era um carro muito consistente em proposta e estrutura.
Na frente, os faróis tinham um formato levemente fluido, o que era reproduzido na traseira com as modernas lanternas.
Isso fazia o hatch ser um carro muito equilibrado esteticamente e, assim, agradável aos olhos.
A grade era formada por lâminas e não por frisos como no 205, por exemplo.
A ideia era ser algo mais sofisticado e esteticamente eficaz em termos de aerodinâmica.
A vigia traseira era bem grande, mas a tampa do porta-malas era curta.
O Peugeot 306 tinha 4,030 m de comprimento, 1,680 m de largura, 1,380 m de altura e 2,580 m de entre eixos.
O porta-malas tinha 338 litros com 60 litros no tanque de combustível.
CATT: Eixo traseiro autodirecional
O Peugeot 306 trouxe uma inovação importante no segmento de médios, já que apenas carros esportivos tinha esse recurso.
Trata-se da suspensão com eixo traseiro autodirecional ou eixo esterçante. Ele foi batizado de “CATT” no Brasil.
O sistemam consistia em um eixo de torção traseiro com feixes de aço internos, dentro de um tubo.
Os braços da suspensão eram semi-arrastados e havia barra estabilizadora.
Embora fossem fixos, a ligação desses braços com a carroceria era feita por buchas flexíveis.
Estas foram desenvolvidas para exercer alteração de geometria sob torção.
Quando o Peugeot 306 fazia uma curva, o deslocamento lateral de peso tensionava essas duas buchas.
Essa tensão alterava a geometria dos braços de suspensão.
O esterçamento gerado fazia com que as rodas (presas nos braços) apontassem na mesma direção que as rodas dianteiras.
Não era um ângulo mito grande, mas suficiente para produzir o efeito desejado, que era fazer com que a traseira ficasse mais dentro da curva.
Isso garantia maior estabilidade em curvas e dirigibilidade ampliada.
Porém, só funcionava em velocidades mais altas, pois era necessário deslocamento lateral de peso do carro para fazer as buchas tensionarem.
Peugeot 306 Sedan
O Peugeot 306 Sedan também era bom visualmente, aproveitando as colunas C grandes para projetar sua traseira.
As lanternas não eram tão harmônicas, criadas para que a tampa do porta-malas tivesse um vão maior.
O media 4,267 m de comprimento e 1,386 m de altura, tendo mesmas dimensões de largura e entre eixos.
O bagageiro tinha 465 litros de volume.
Peugeot 306 Break
Já a perua Peugeot 306 Break era bem elegante e usava as colunas C para destacar as vigias laterais integradas ao desenho do vidro da tampa do bagageiro.
Isso dava à ela uma identidade própria, o que ajudava muito na atração dos compradores.
No entanto, as lanternas traseiras arredondadas destoavam um pouco do conjunto, que primava pelos perfis retilíneos.
A tampa do porta-malas ia até a moldura do para-choque, enquanto o teto tinha barras longitudinais obrigatórias.
Maior que as demais variantes, a Peugeot 306 Break tinha 4,338 m de comprimento e 1,415 m de altura, mantendo as demais medidas.
O bagageiro da perua francesa oferecia 442 litros de espaço até a altura dos vidros.
Peugeot 306 CC
Para os mais exigentes, havia o Peugeot 306 Cabriolet, aqui vendido como 306 CC.
O conversível chegou ao país e trouxe um luxo que até então poucos carros tinham por aqui.
Com capota de tecido, dotada de acionamento elétrico completo, o Peugeot 306 Cabrio por um quebra-vento falso nas colunas A.
Além disso, diferente dos Ford Escort XR3 Conversível e Chevrolet Kadett GSi Conversível, o Peugeot 306 Cabrio não tinha colunas B ou barras anticapotamento aparentes.
Estas se projetavam para fora em caso de capotamento. O Peugeot 306 CC tinha vidros traseiros elétricos também.
O porta-malas tinha somente 242 litros e o tanque era menor que nos outros modelos: 56 litros.
Sua carroceria era mais rígida para suportar as torções sem as colunas B e sem o arco do teto, com a própria cobertura metálica inexistente.
Interior do 306
O Peugeot 306 tinha um painel ergonomicamente aceitável e esteticamente bem resolvido.
O médio da marca francesa chamava atenção pelas curvas do painel e cluster amplo, com conta-giros, nível de combustível, temperatura da água e velocímetro.
Os difusores de ar centrais ficavam bem próximos do condutor e passageiro.
O painel tinha ainda sistema de som com rádio 1din e controles de ar condicionado bem ergonômicos.
No lugar que seria de um airbag do passageiro, havia um segundo porta-luvas.
Tinha ainda relógio digital e acendedor de cigarros, enquanto o console de transmissão vinha com cinzeiro.
Algumas versões tinham painel com revestimento numa determinada cor, como a versão Meridian, oferecida na Europa.
Havia também opção de acabamento imitando madeira.
O volante podia ter três ou quatro raios, ambos podendo ter airbag.
O espaço interno do Peugeot 306 era amplo e tinha bancos confortáveis e largos.
Algumas versões tinham revestimento em couro e até com apoio estendido no assento para as pernas.
A perua Peugeot 306 Break tinha alças para amarração de carga
Atualizações
O Peugeot 306 teve duas atualizações de meia vida e, assim, três padrões visuais diferentes ao longo da carreira.
A original tinha grade com uma lâmina e para-choques com a parte superior preta.
Chamada Fase 1, vinha com um ambiente ainda simples e ligado aos anos 80, mas versões como a S16, eram bem mais requintadas e esportivas.
Este e o GTi diferiam por ter grade com duas lâminas, além de faróis de neblina e rodas de liga leve aro 15 com pneus 195/55 R15.
Embora existisse na versão de quatro portas, o Peugeot 306 S16 (assim como o GTi) só ficavam bem sob duas portas.
As colunas C grossas davam mais robustez ao visual esportivo, que ainda contavam com acabamento circular exclusivo nessas colunas.
O volante de três raios era revestido em couro e os bancos muito envolventes e prolongados nos assentos.
A alavanca de câmbio também era esportiva.
Foi essa Fase 1 que chegou ao Brasil em 1994.
Ele chegou junto com as versões Cabriolet (depois CC) e XSi, ambas com motor 2.0 8V.
Este motor tinha 123 cavalos a 5.750 rpm e 17,9 kgfm a 2.750 rpm, fazendo do XSi (que tinha duas portas) ir de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos.
O S16 tinha motor 2.0 16V (daí a designação) e entregava 155 cavalos a 6.500 rpm e 19,1 kgfm a 3.500 rpm.
O esportivo tinha câmbio manual de cinco marchas encurtado e ia de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos com máxima de 215 km/h. Era um desafiante forte para os esportivos da época.
Fase 2 também no Brasil
O Peugeot 306 também ganhou atualização da Fase 2 por aqui.
Nisso vieram os motores de 16V e estética mais envolvente.
Os faróis ficavam mais arredondados e a grade agora era integrada ao estilo do capô através do novo logotipo do leão.
Os para-choques ficaram também mais suaves, mas ainda com a parte superior preta.
Os retrovisores pequenos continuaram, assim como outros detalhes da Fase 1.
As versões XR e Passion, ambas com motor 1.8 16V de 115 cavalos e carroceria de quatro portas, chegaram mais tarde. O Peugeot 306 com motor 1.6 de 90 cavalos não teve grande aceitação.
A S16 pulou para 167 cavalos na atualização do propulsor, enquanto o motor 2.0 8V passava para 16V e oferecia 136 cavalos.
Na Europa, ainda tinha o 1.4 8V de 75 cavalos – que seria nacionalizado e convertido em 1.5 futuramente – 1.6 8V com os mesmos 90 cavalos de antes e os diesel 1.9 aspirado e turbo com 71/90 cavalos, respectivamente.
Fase 3 e final de linha
Na chamada Fase 3, o Peugeot 306 já estava em migração de estilo para a próxima geração, que era o Peugeot 307.
Assim, visualmente, os para-choques passavam a ser na cor da carroceria.
Já era 1999 e o 307 estava em desenvolvimento, por isso o Peugeot 306 limitou mais as mudanças estéticas.
Ainda assim, trouxe novidades importantes em segurança e mecânica.
No primeiro caso, o médio da Peugeot adicionou airbag duplo de série em vários mercados, assim como freios com ABS.
Na mesma época, a Renault do Brasil ousava com o Clio oferecendo as bolsas infláveis de fábrica, numa ação semelhante.
Foram feitas melhorias na vedação de portas e janelas, troca de limpadores dos vidros, faróis de neblina circulares, mudanças na padronagem e na alavanca de câmbio.
O Peugeot 306 Fase 3 manteve o 1.4 de 75 cavalos, mas o 1.6 pulou para 100 cavalos.
O motor 1.9 diesel aspirado de 69 cavalos ainda foi usado, enquanto o antigo XUD foi trocado pelo HDi 2.0 8V de 90 cavalos, mas já com injeção Common Rail.
Apesar das mudanças e de versões realmente interessantes, como a já citada S16/GTi e a Rallye, o Peugeot 306 já estyava com oito anos em 2001 e precisava de substituto.
Assim, o modelo saiu de cena nesse mesmo ano, com algumas unidades ainda vendidas em 2002.
No lugar, veio o mais estiloso 307, feito na plataforma PF2.
De todas as variantes, o Peugeot 306 Sedan foi o que durou um pouco mais, mas na China.
Ele serviu de base também para alguns sedãs de marcas chinesas no início da motorização do país.
Peugeot 306 – legado
O Peugeot 306 trouxe inovação e segurança ao segmento de médios na Europa.
Além do eixo traseiro direcional, inovou em estilo e teve mecânica robusta, incluindo ainda uma opção esportiva muito desejável na época.
Aproveitou bem o espaço oferecido pela plataforma de entre eixos bem espaçados e criou uma família que alcançou os quatro cantos do mundo.
Também permitiu a expansão das atividades da Peugeot na Argentina, que agora teria a responsabilidade de atender o Brasil com seu sucessor, o Peugeot 307.
Por aqui, o Peugeot 306 foi a porta principal de acesso do consumidor brasileiro a carros mais sofisticados e que conseguiram uma legião de fãs.
No entanto, o pós-venda sofrível e o alto custo das peças começaram a fomentar uma péssima imagem da Peugeot por aqui.
O reflexo disso vemos hoje na campanha de marketing da marca francesa, onde a cada lançamento, metade do evento é dedicado à divulgação de novidades ou enaltecimento do novo serviço de pós-venda.
Embora o Peugeot 306 tivesse uma boa imagem como produto, apenas isso não ajudava na melhoria da percepção do cliente.
Hoje, a coisa mudou bastante e para melhor.
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