O JAC J3 foi um compacto da chinesa JAC Motors que foi vendido no Brasil entre 2011 e 2017.
Muito importante no desenvolvimento da marca no país, o JAC J3 foi oferecido em versões hatch e sedã, este chamado Turin.
Além disso, foi protagonista da agressiva campanha de marketing liderada por Sérgio Habib em 2011.
Da mesma forma, o polêmico enterro nas fundações do que seria a futura fábrica da JAC Motors na Bahia, chamaria atenção para o produto.
Apesar de tudo isso, o JAC J3 evoluiu aqui e chegou a ter motorização flex, bem como versão de apelo esportivo.
As adaptações no carro fizeram com que a SHC influenciasse o produto também na China.
Embora com projeto de uma futura geração custeada pela representante nacional, o JAC J3 não sobreviveu à ascensão dos utilitários esportivos.
Esta acabou gerando apenas a variante crossover, que foi batizada de JAC T40.
Na China, o JAC J3 foi descontinuado também, devido à presença de modelos mais modernos.
Foi o primeiro dos modelos da Jianghuai Automobile Company – nome oficial do fabricante de Shenzen, Anhui – no segmento de automóveis.
Seu estilo próprio foi reproduzido nos demais produtos da época, gerando assim um portfólio com a mesma identidade visual.
JAC J3 – o início
O JAC J3 foi um dos primeiros desenvolvimentos da Jianghuai (JAC), tendo sido visto em testes desde 2009.
O compacto em versões hatch e sedã eram conhecidos como projetos A137 e A138 e tiveram seus primeiros registros em 2008.
Na época, se acreditava que teriam motores Mitsubishi 4G13.
A dupla em desenvolvimento na verdade deveria usar motor de origem austríaca, feito pela AVL.
Além disso, a carroceria havia sido desenhada pelo renomado estúdio italiano Pininfarina.
Entretanto, a plataforma não era exatamente nova.
Naquela época, os fabricantes chineses ainda copiavam muito os carros estrangeiros, especialmente os japoneses.
Conta-se por fontes chinesas que a base utilizada pela JAC Motors era do Daihatsu Charade dos anos 90, o que explicaria a suspensão traseira de duplo braço.
Ela é a mesma encontrada no compacto japonês, que foi replicado por algumas marcas chinesas nos primeiros anos da década de 2000.
De qualquer forma, o JAC J3 não foi o primeiro carro feito pela marca, que produziu sob licença gerações antigas do Hyundai Santa Fé e da van H100.
Estes eram meramente cópias dos modelos da Hyundai, mas o JAC J3 era algo mais próprio da marca.
Em 2009, enquanto a rival Chery já tinha uma gama de modelos de desenvolvimento próprio, a JAC iniciava nesse caminho.
JAC J3 – design pininfarina
O JAC J3 tinha um visual elegante e esteticamente influenciado pela escola italiana de design.
A faróis quase amendoados eram simples, mas bem distribuídos.
A grade era pequena e o logotipo de cinco estrelas, semelhante ao da Chrysler, ficava num conjunto escurecido, que compreendia também o suporte da placa.
O para-choque descia suavemente em direção ao centro do carro, criando linhas fluidas e agradáveis. Os faróis de neblina circulares ficavam isolados.
O capô liso com dois vincos nas laterais era acompanhado por uma carroceria de linhas limpas e teto curvado.
O JAC J3 empregava portas que correspondiam ao desenho do teto, especialmente as traseiras, não passando a impressão de improviso, como alguns carros chineses da época.
As saias de rodas eram vincadas e havia repetidores de direção nos para-lamas dianteiros.
O compacto tinha ainda retrovisores arredondados e colunas C pouco espessas.
Na traseira, o JAC J3 tinha defletor de ar na tampa do bagageiro, que era bem ampla. As lanternas eram verticais e compactas no hatch.
No sedã, o porta-malas era mais pronunciado e as lanternas eram mais fluidas, descendo para o para-choque.
Este, por sua vez, era bem liso e tinha sensores de estacionamento.
No hatch, a tampa do bagageiro era lisa, enquanto no sedã, a mesma tinha suporte da placa e moldura cromada sobre a mesma.
Ou seja, na traseira, ambos tinham personalidades distintas, mas basicamente eram o mesmo carro.
As rodas de liga leve aro 15 polegadas faziam parte do pacote, que em termos de equipamento, na época tinha um bom pacote.
JAC J3 – interior
Por dentro, o JAC J3 tinha linhas suaves e acabamento em dois tons, sendo cinza escuro na parte superior e um tom bem mais claro no revestimento inferior.
Com difusores de ar circulares, o JAC J3 tinha rádio 1din e espaço adicional para um 2din.
Naquela época, um rádio simples com CD e conexão de pen drive era o suficiente. O ar condicionado era manual, porém, bem potente.
O cluster do JAC J3 chamava atenção para o conjunto de velocímetro e conta giros sobrepostos, lembrando uma solução semelhante do Fiat 500.
Nível de combustível e temperatura da água ficavam separados. Não havia computador de bordo.
O volante de quatro raios com ajuste em altura era grande e tinha aro muito fino, o que causou estranheza por aqui.
Porta-copos pequeno e falta de mais locais para trecos no carro era algo sentido na ocasião.
O JAC J3 tinha ainda airbag duplo, freios com ABS e EDB, direção hidráulica, vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas com telecomando, retrovisores com ajustes elétricos e abertura interna do porta-malas e tanque.
Com 3,970 m de comprimento, 1,650 m de largura, 1,470 m de altura e somente 2,400 m de entre eixos, o JAC J3 evidenciava a arquitetura antiga, mas devido ao design atualizado, passava-se bem por um carro novo.
O hatch tinha 346 litros no porta-malas e mais 48 no tanque, tendo ainda um peso médio de 1.060 kg.
Ainda assim, o coeficiente aerodinâmico era de 0,29. A suspensão dianteira era McPherson e a traseira com braços duplos, era independente.
No J3 Turin, como ficou conhecida aqui a versão sedã, o tamanho era de 4,155 m de comprimento e 490 litros no porta-malas, pesando 1.100 kg.
Lançamento na China em 2008
Em 17 de setembro de 2008, o JAC J3 foi lançado na China com o nome de Tongyue, que significa “felizes juntos” em mandarim. O sedã era chamado Binyue.
Custando 59.900 yuans, que na época equivaliam a US$ 8,7 mil, o JAC J3 chegou com apenas uma oferta de motor.
Este era o Mitsubishi 4G13 com 1.299 cm3 de volume. Ele entregava 99 cavalos e contava com câmbio manual de cinco marchas.
Quando chegou ao mercado, não tinha mais a máscara negra na parte frontal. O hatch passou a ser chamado Tongyue RS, enquanto o sedã era apenas Tongyue.
Algum tempo depois, a JAC Motors substituía o Mitsubishi 4G13 pelo novo motor 1.3 16V VVT (apenas na admissão), que tinha 1.332 cm3 e duplo comando no cabeçote.
Ele foi um desenvolvimento da Jianghuai com a AVL austríaca, tal como a parceria com a Pininfarina, que gerou um estúdio de estilo da JAC na Itália.
Nesse caso, a potência desse motor também era de 99 cavalos.
Na época, já se desenvolvia um JAC J3 para a Etiópia, que seria equipado também com motor 1.5 de origem Mitsubishi.
Então, por volta de 2010, as notícias de que a JAC Motors estava chegando ao Brasil se intensificaram.
JAC J3 – chegada ao Brasil com marketing agressivo
Antes do lançamento da marca no Brasil, sabia-se que o JAC J3 seria o primeiro produto e que aqui teria o motor 1.3 16V rebatizado de 1.4 16V, entregando 108 cavalos a 6.500 rpm e 14,1 kgfm a 4.500 rpm.
Representada pela SHC, a JAC Motors rapidamente ganharia notoriedade no mercado nacional.
A SHC era liderada por Sérgio Habib, conhecido ex-presidente da Citroën no Brasil e representante da Aston Martin, bem como proprietário de uma rede de concessionárias de várias marcas.
Para chegar “chegando” ao mercado brasileiro, a SHC prometia abrir de cara 50 revendas pelo país e emplacar o JAC J3 (com seu irmão Turin) tendo um garoto-propaganda de peso (literalmente).
Trazendo o apresentador Fausto Silva, o JAC J3 rapidamente virou o “carro do Faustão” e colocou a JAC Motors em todas as mídias do país.
Com garantia de seis anos e carros completos – em relação aos populares vendidos na época – o JAC J3 virou sensação e abriu o debate sobre uma possível invasão chinesa ao mercado.
Ele custava a partir de R$ 37,9 mil e tinha todos os itens citados acima, bem como rodas de liga leve aro 15 polegadas com pneus 185/60 R15.
Habib, em seu acordo com a JAC, tinha uma equipe de inspeção de qualidade dentro da fábrica chinesa e modificou nada menos que 200 itens do compacto.
O objetivo era tornar o JAC J3 adaptado ao gosto do consumidor brasileiro, bem como mais resistente às nossas condições e com qualidade ampliada em relação ao similar chinês.
Por isso, o JAC J3 tinha interior totalmente preto e bancos em camurça.
Suspensão, direção, freios, detalhes de acabamento, entre outros, foram alterados.
O propulsor recebeu ajustes para suportar nossa gasolina com etanol e ainda ganhou mais força. A SHC só não conseguiu alterar as relações do câmbio, que era bem longo.
Focando no conforto, o JAC J3 era bem macio e suportava com desenvoltura nas ruas e estradas ruins.
No entanto, assim sua suspensão era muito macia e prejudicava a estabilidade.
Mesmo sendo um carro chinês, já que havia grande preconceito na época, o JAC J3 rapidamente conquistou clientes.
O marketing agressivo da JAC Motors fazia o J3 ganhar clientes rapidamente.
Até carro com mais de 100.000 km rodados foram emprestados para imprensa numa ação inédita.
Entretanto, isso chamou a atenção das montadoras e do governo, que tomaria medidas igualmente agressivas para reduzir a importação de carros nos meses seguintes.
O temor do setor automotivo era de que JAC (e Chery, por consequência) abocanhassem parte importante do mercado e trouxessem outras marcas.
Isso prejudicaria a indústria nacional.
Com isso, surgiu Inovar-Auto com limitação por cotas e sobretaxa de 30%, condenada pela OMC posteriormente.
Fazia tempo que um carro não mexia com o mercado e a política nacional de tal modo.
Enterro polêmico
Diante da pressão governamental sobre a importação de carros, o JAC J3 começou a sofrer o impacto das restrições, mas a marca chinesa usava o marketing ainda forte para amenizar a situação.
Com a promessa de fábrica em Camaçari-BA, a JAC Motors enterrou uma unidade do JAC J3 nas fundações do local, que já estava sendo terraplanado.
Porém, a instalação nunca foi concluída e pesadas críticas caíram sobre a representante nacional.
Até mesmo a situação societária mudou e o JAC J3 enterrado foi retirado posteriormente, deixando de servir como uma cápsula do tempo.
Até 2013, o modelo foi vendido em sua configuração original com motor 1.3 (1.4) VVT de 108 cavalos e alcançando 186 km/h de máxima (graças ao câmbio longo) e aceleração de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos.
Dessa forma, o JAC J3 fazia 11,7 km/l na estrada e 9,6 km/l na cidade, muito para um carro com proposta popular.
Além disso, era abastecido apenas com gasolina.
JAC J3 JetFlex
No país do carro flex, utilizar somente gasolina não era a melhor maneira de conquistar o consumidor.
Assim, o JAC J3 ganhou em 2013 uma versão flexível, mas não com o motor 1.4 usado até então.
Valendo de uma configuração que o Tongyue experimentara em sua nacionalização na Etiópia, hatch e sedã ganharam um motor mais forte, o mesmo 1.5 VVT usado pelo sedã J5.
Para ter essa opção e ampliar o lineup, a JAC Motors criou uma versão nova, a JAC J3 S.
Além disso, introduziu uma nomenclatura própria no motor 1.5, sendo chamado JetFlex.
Com 1.499 cm3, o quatro cilindros 16V adotava a tecnologia flexível entregando 125 cavalos na gasolina e 127 cavalos no etanol, ambos a 6.000 rpm.
O torque era de 15,5/15,7 kgfm a 4.000 rpm, respectivamente.
Os números eram interessantes e superavam em muito os dos similares chineses, que usavam o 1.5 com apenas 112 cavalos.
Sem tanquinho de gasolina, o propulsor usava o sistema de pré-aquecimento de combustível para partida a frio.
Já o câmbio manual de cinco marchas permaneceu inalterado.
Com essa configuração, o JAC J3 S ia de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e atingia bons 197 km/h.
O hatch tinha consumo de 6,7 km/l na cidade, usando etanol. Na estrada, fazia 8,4 km/l com este combustível.
Na gasolina, o compacto fazia 9,3 km/l no ciclo urbano e 11,5 km/l no rodoviário.
Isso era praticamente o mesmo que o JAC J3 1.4.
O peso do carro subiu apenas 10 kg e o preço fixado era menor que na época do lançamento: R$ 37.490.
Visualmente, o JAC J3 S tinha faróis com máscara negra, acabamento frontal preto (na parte central), faixas laterais decorativas, novas rodas de liga leve aro 15 polegadas e para-choque traseiro com parte inferior preta.
Por dentro, soleiras personalizadas, tapetes exclusivos, bancos com misto de tecido e couro com acabamento vermelho, ambiente em dois tons de cinza, couro nas portas, entre outros.
O JAC J3 S tinha também cluster com iluminação vermelha (do painel também) e pomo do câmbio em preto brilhante.
JAC J3 – atualização
No ano seguinte, a JAC Motors promoveu mudanças estéticas no JAC J3.
As mudanças foram mais profundas do que o esperado, adicionando inclusive um novo painel.
A influência de estilo parece ter vindo da Volkswagen, apesar de elementos de outras marcas, como o volante da Chevrolet.
Externamente, o JAC J3 recebeu novos faróis com máscara negra e design mais moderno.
A grade passou a ser retangular e com friso cromado, ostentando o logo da JAC.
O para-choque ganhou formas mais retilíneas com três molduras inferiores, sendo uma delas a grade e as demais com faróis de neblina.
Foram introduzidas novas rodas de liga leve aro 15 polegadas.
Na traseira, as lanternas do hatch ganharam lentes com baixo relevo e para-choque mais liso.
No JAC J3 Turin, a traseira adicionou novas lanternas, agora com extensão sobre a tampa do porta-malas. O para-choque foi levemente atualizado.
No interior, residiam as maiores mudanças.
O painel ganhou um novo formato com difusores de ar retangulares e console central elevado.
O desenho do conjunto ficou melhor, ganhando materiais de melhor qualidade.
No sistema de áudio, por exemplo, o conjunto passou a ser integrado e com Bluetooth, além de USB padrão e CD player.
Já o ar condicionado ganhou novos comandos.
O console perdeu um dos porta-copos, ficando espaço apenas para um.
O volante era igual ao da GM e tinha acabamento em couro na versão S, além de comandos de mídia e telefonia.
O JAC J3 agora tinha direção com aro mais grosso, oferecendo melhor pegada.
O cluster com iluminação vermelha tinha mostradores analógicos e display central num estilo semelhante ao dos carros da Volkswagen.
Um computador de bordo rudimentar foi instalado.
As portas ganharam ganharam novo desenho com porta-copos/garrafas e acabamento em preto brilhante, bem como maçanetas atualizadas.
Com ambiente escuro, o JAC J3 tinha ainda bancos em tecido com costura dupla e carpetes estilizados de acordo com a versão.
O JAC J3 manteve a motorização 1.4 de 108 cavalos – somente com gasolina – e 1.5 JetFlex, mas a primeira acabou saindo de cena algum tempo depois.
Em setembro de 2017, a JAC Motors eliminava os JAC J3, J3 Turin e o pequenino J2 do portfólio nacional.
A empresa estava dando ênfase ao T40 e SUV compacto T5.
Aqui, ele não teve a versão Cross, vendida exclusivamente na China e em outros países.
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