O SUV se tornou o produto principal na maioria das marcas de automóveis em todo o mundo. A febre do utilitário esportivo não é algo localizado, praticamente em todos os principais mercados do globo, a participação dos SUVs é generosa.
O movimento, que começou a ganhar força após a crise mundial de 2008, domina atualmente todos os cenários possíveis – e impossíveis há algum tempo – do mercado mundial. Marcas de ultra luxo como Bentley e Rolls-Royce nunca antes haviam cogitado ter SUV em seus portfólios para poucos.
Até marcas de carros superesportivos como Lamborghini e agora a Ferrari, não seguirão adiante sem um produto que seja classificado como utilitário esportivo. Dos EUA à China e da Europa aos mercados emergentes, parece que todo mundo agora quer um SUV.
Com um quinto das vendas globais, o SUV deve crescer ainda mais nos próximos anos, especialmente devido ao mercado norte-americano, onde marcas como Ford e Chevrolet deverão eliminar completamente seus modelos de outros segmentos, especialmente sedãs e hatches.
Nem todo mundo aposta nisso, como Honda e Toyota, que investiram recentemente bilhões de dólares em sedãs nos EUA. A ideia, nesse caso, é aproveitar a lacuna que será deixada pelas marcas americanas. De qualquer forma, até estas sabem que os clientes estão migrando para os SUVs.
Na China, os sedãs ainda tem grande participação, mas o que se vê em lançamentos é um grande aumento de utilitários esportivos em todos os níveis, das marcas mais baratas até as mais sofisticadas, algumas exclusivamente com este produto.
Para todos os bolsos
Antes um produto para clientes que buscavam um veículo apto para levar uma família com conforto para o fora de estrada, o SUV passou então a agradar o público feminino, que buscava um carro mais alto, que passava a impressão de ser mais seguro. Além disso, quanto maior o veículo, maior o status.
Então, muitos começaram a buscar os SUVs como uma forma de ascender socialmente. Com o tempo, as marcas passaram a buscar cada vez mais estes clientes nas gamas de entrada, com produtos menores e mais acessíveis. Daí em dia, o que era nicho, como no caso do nosso Ford EcoSport da primeira geração, logo virou moda.
Hoje, não importa o poder aquisitivo do comprador. Há opção de utilitários esportivos para qualquer bolso. Um exemplo recente é o do Lamborghini Urus, que tem 16 das 20 reservas da marca feitas por clientes ricos do Brasil no primeiro semestre.
Na outra ponta, o termo “SUV” foi explorado até pela Renault com seu Kwid de menos de R$ 30.000 no lançamento. É aí que as marcas começaram ver a “vaca do dinheiro”, como Carlos Tavares se referiu uma vez à rentável Dacia. Com um porte mais alto, ângulos de entrada e saída ampliados, assim como o vão livre, um utilitário é fácil de nascer.
Algumas marcas pegaram hatches ou minivans, adicionando frente alta e suspensão elevando. Com um tapa aqui e ali, criaram um novo produto com preço superior. Enquanto o original custa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil, pode-se vender o “SUV” de R$ 70 mil a R$ 90 mil. Hoje, a média de preços aqui no Brasil entre este último e R$ 100 mil.
Embora as marcas não abram (jamais) os custos relativos aos projetos desses carros, não é preciso ser engenheiro para notar que a rentabilidade é no mínimo igual ou maior que de um hatch ou sedã. Analistas de mercado dizem o mesmo.
Com o uso de plataformas já consolidadas e parte da estrutura dos carros que os originaram, os SUVs se tornam mais rentáveis, segundo eles. Isso sem contar com as projeções de crescimento nos próximos anos. Aqui no Brasil, a estimativa é que em 2022, o mercado terá um milhão de utilitários esportivos.
A VW, por exemplo, estima que dos 10 carros mais vendidos, até três serão SUVs. Mesmo com enorme concorrência, algumas marecas hoje estão praticamente fora do cenário em nível nacional e internacional, por exemplo. A Toyota é uma dessas, já que tanto localmente quanto globalmente, ela não dispõe, por exemplo, de um SUV compacto próprio.
Aqui, a Fiat é outra marca de peso que está ausente desse mercado. Em contrapartida, algumas marcas tem até mais de um no segmento de compactos, que aqui é o que mais cresce. A Renault tem Captur e Duster. A Honda vem com WR-V e HR-V. A líder Jeep emplaca Renegade e Compass com folga.
Só tem SUV…
Mais adiante, a VW pensa em cinco ou seis SUVs no mercado nacional, a maioria de compactos. Aliás, tamanho não é mais diferença. Como já dito acima, os utilitários esportivos estão aí para todos os bolsos. Num estranho movimento de eliminação de hatches e sedãs baratos, modelos com 4,00 m ou menos ganham espaço até em países que jamais os considerariam.
Nos EUA, a Ford colocou o EcoSport e parecia ser algo louco a fazer, até que a Hyundai recentemente fez o mesmo com o Venue. Não seria estranho ver um WR-V circulando por lá também, dada a necessidade de preenchimento das lacunas deixadas por outros carros.
Enquanto isso, o consumidor continua pagando mais pelos SUVs e ainda por desejo próprio. Porém, na próxima década, isso pode mudar completamente. Antes uma preferência, logo pode se tornar uma obrigatoriedade. Afinal, se não existirem mais hatches e sedãs para comprar, o que resta para colocar na garagem?
Por ora, essa não é uma preocupação em mercados emergentes como o Brasil ou Índia, por exemplo, onde a taxa de motorização está longe dos países ricos. Mas, nos consolidados, como EUA e Europa (esta motivada ainda por questões ambientais), o comprador não terá muita escolha. Será crossover ou SUV, e ponto final!
Agradecimentos ao Alexandre Cimini.
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